Há um certo tempo que tenho vontade de falar sobre variedades de uva, pois acredito ser uma forma interessante de se familiarizar com cada estilo. É uma boa maneira de descobrir o próprio gosto e se direcionar para os vinhos produzidos com a variedade de sua preferência. Até aí tudo bem, mas quando se trata uvas viníferas, devemos levar em consideração a região onde ela foi plantada.
A Cabernet Sauvignon, quando produzida nos EUA, por exemplo, tem características completamente distintas da plantada na Itália. Assim sendo, para se entender com maior exatidão o estilo de cada uva, deve-se prestar atenção no país aonde o vinho foi elaborado.
Algumas publicações acabam generalizando os vinhos pela uva com descrições genéricas, mas o importante é entender que cada região possui clima, solo, e cultura de produção particular. É muito comum uma pessoa se afeiçoar por uma uva em função de já ter tomado um vinho feito com ela e ter gostado. Por exemplo, você pode ter tomado um Pinot Noir chileno leve e docinho e adorado, se for pedir num restaurante pela uva e receber um Borgonha, verá que é completamente diferente. Resumindo, com vinho não da pra generalizar.
Por isso, resolvi começar falando da Carménère, mas por que? Simples, 99% dos vinhos dessa uva vendidos no Brasil são chilenos, assim posso concentrar as dicas em um único país. Outra coisa, já recebi alguns comentários de leitoras dizendo que não gostam da uva e que já tiveram experiências ruins com os vinhos. Claro que isso parte do gosto pessoal, contudo a Carmenère tem algumas particularidades e dependendo de como for cultivada, pode produzir vinhos espetaculares, frutados e suculentos, mas também pode resultar em vinhos com aspectos um pouco desagradáveis para muitos paladares.
A Carménère é originária de Bordeaux, na França, e era utilizada junto com a Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e Petit Verdot. Com uma praga que surgiu no século 19, ela foi praticamente extinta da Europa e foi reaparecer no Chile, provavelmente levada por imigrantes europeus. Por muitos anos acreditou-se que a Carmenère plantada no Chile fosse a mesma uva que a Merlot. Somente nos anos 90 que ela foi identificada e passou a reinar nas terras chilenas.
Até aí tudo bem, mas o que pode dar errado em um vinho Carménère? É uma casta muito sensível e que precisa de atenção especial, principalmente pelo fato de demorar mais para amadurecer se comparada com outras variedades. E é ai que mora o perigo, alguns produtores seja por economia ou por estilo desejado, fazem a colheita da Carménère no mesmo período das demais uvas e o resultado é um vinho com aspectos muito vegetais, herbáceos e que lembram pimentão amargo. Por isso muita gente reclama!
A impressão é que o vinho fica meio “verde” nos aromas e isso ocorre simplesmente pelo fato das uvas terem sido colhidas antes da maturação ideal. Claro que tem gente que adora essas características, por isso que é normal descreverem a uva como “ame ou odeie”. Entretanto, quando ela é colhida mais madura, os vinhos se tornam frutados, macios e os aromas vegetais são discretos, só pra dar complexidade.
E como fazer pra acertar na escolha? Minha dica é que quando estiver em um restaurante, ou loja com bons vendedores, pedir por sugestões de Carménère mais redondos, frutados, que não sejam exageradamente vegetais ou herbáceos.
E o que esperar de um bom Carménère? Geralmente, os bons exemplares da casta, tem aromas de frutas negras, terra molhada e bastante pimenta preta, quando envelhecem em madeira, ganham complexidade e podem apresentar traços de tabaco, baunilha e chocolate. Eu, particularmente, sou fã da uva tanto para os vinhos varietais, feitos apenas com uma uva, como para os cortes, com mais de uma variedade de uva na composição, pois a Carménère faz ótimos vinhos quando casada com a Cabernet Sauvignon.
E como não poderia faltar, algumas sugestões de vinhos Carménère que seguem essa linha:
Casillero del Diablo Carménère: vinho da gigante Concha y Toro muito difundido aqui no Brasil. A linha tem vinhos de várias uvas, tintas e brancas, mas pra mim o Carmenere é o que mais se destaca. Aromas de geleia de ameixa e chocolate, na boca, é macio com bom corpo e taninos bem suaves. Dá pra encontrar no varejo e o preço varia entre R$30 e R$40.
La Joya Carménère Gran Reseva: grande vinho, muito frutado com notas de amoras e especiarias. É um bom exemplo de vinho com toques vegetais e herbáceos, mas que não passam por cima da fruta. Dá pra reconhecer fácil que é um Carmenere.
Santa Ema Barrel Reserve Carménère: vinho saboroso e que enche a boca com boa estrutura, acidez na medida e taninos aveludados, nada agressivo. No Nariz é cheio de frutas vermelhas e algumas toques de baunilha e ervas frescas. Pode ser encontrado em diversas lojas virtuais e preço fica em torno dos R$50.
Essas foram apenas 3 sugestões de Carménère de estilo mais frutado e agradável, e como bom custo X benefício, é claro. Não especifiquei safras pra não limitar a escolha de vocês. A ideia é que deem uma chance para a Camenere, pois poderão se surpreender. Independentemente das sugestões, quando forem escolher um vinho, o importante é saber como pedir pela indicação para acertarem em cheio.
Se tiverem alguma dúvida, por favor deixem um comentário que eu respondo.
Theeeeeeeee, faz um tutorial geralzão de vinhos, por favorrr!!!!!
Sei nada de vinho, gente!!! kkkk
Oi Karoline! O Rodrigo já fez uns bem básicos introdutórios! Me ajudou bastante! Espero q te ajude tb! Bjs
Adoro essa tag do blog. Eu não gostava muito de vinho mas venho tendo muito interesse, e os textos do Rodrigo muito didáticos, fazem a gente ter mais interesse ainda em ler.
Valeu, Renata.
Fico feliz em poder ajudar.
Abs.
Adoro os posts de quinta!
Obrigado, Maila.
Abs.
Rodrigo ótimo post!
Amo a Carménère, conheci ela em uma viagem ao Chile, tenho as minhas vinícolas favoritas, mas já comprei algumas que não gostei tb.
Olá, Kely.
A Carmenere tem disso mesmo, quando o estilo fico muito vegetal, a maioria das pessoas não gosta muito.
Valeu pelo comentário, abs.
Oi Rodrigo, tudo bom?
Tô amando os posts sobre vinho! :D Ainda nem sou iniciada (comprar um horrível e não aguentar tomar meia taça conta? ahaha) mas tenho um fascínio louco pela bebida. Vou tentar de novo acho que pelos brancos. Pelo que eu entendi, eles são mais refrescantes/leves, podem ser doces e também podem ser consumidos gelados. Tá certinho?
Uma outra pergunta, aproveitando a cara de pau haha Que vinho mais leve e doce (olha a iniciante) você acha que harmoniza bem com salmão ao molho de alcaparras com aspargos? Vou fazer pro aniversário do namorado e tô sem saber o que harmonizar kkk
Muito obrigada, beijão!
Olá, Fabine.
Valeu por compartilhar sua experiência. Recomendo começar pelos brancos mesmo.
Para harmonizar com o salmão, vc pode tentar um Rosé, dá pra tomar bem gelado e sentir aquele docinho, além é claro de casar bem com o salgado das alcaparras, mas não esqueça de pedir para o vendedor um rótulo mais doce, pois alguns roses são bem secos.Tenta o Vina Amalia Rose que vende na wine.com.br Pode tentar também um moscatel. Caso queira um branco, tenta a uva Torrontes produzida na Argentina.
Abs.
O carménère da Casa Silva tbm é incrível.
Oi, Teresa.
Também gosto da Casa Sila, todas a linhas deles são boas.
Abs.
As dicas do Rodrigo são sempre incríveis!! Parabéns!!
Valeu, Carol.
Espero estar ajudando.
Abs.
Boa, Rodrigo! Experimentei no Chile esse Casillero e gostei bastante. Mas não fazia ideia da uva por trás disso. Muito bacana sua coluna!
Olá, Gabriela.
A linha da Casillero del Diablo faz vinhos com diversas uvas, mas o meu preferido deles é o Carmenere.
Abs.
Gosto muito de vinhos e é a minha uva preferida! Sempre que tem, é o meu vinho escolhido! Acho mais suave que o Cabernet.
Olá, Flávia.
Realmente a carmenere é mais suave do que a cabernet, principalmente pelo fato de ter menos taninos, não amarra tanto a boca.
Abs.
Sou iniciante e por enquanto prefiro os brancos, mas o Santa Digna Reserva 2013 Carmenére achei bem bom! não sou expert, mas achei ele agradável apesar de intenso.
Olá, Liv.
Então acredito que vc vai gostar do Casillero del Diablo Carmenere. Segue uma linha parecida.
Abs.
Amooooo Carmenere!!!!!!!
Amo o “vinho de quinta”! Perdi o começo da “série” e queria ler os posts desde começo. Pela tag parece que não chego no primeiro post. Você deveria ganhar uma aba só pra pro “vinho de quinta”, como a do Decorismo, hehe. :smirk: Assim a gente consulta melhor todas as dicas!
Valeu, Carol.
Realmente os primeiros posts estavam com a tag “vinho”, mas já estamos trocando por “vinho de quinta”. Depois olha lá.
Abs.
Parabens rodrigo, post maravilhoso bem ilustrativo e descritivo. Sou uma iniciada (?) mas raramente tomo algo além de vinho e me abrisse uma ‘coisa’ aqui na cabeça, Esse Cassilero Carmenere é maravilhoso, gosto muito tambem mais sobre outros Carmeneres que não gostei está explicado então talvez. Adorei as suas dicas de exemplos e estou aguardando ansiosamento um post sobre minha paixão engarrafada – MALBEC hehehe, adoraria exemplosss e histórinhas de quem claro entende. Beijão :wine_glass: :wine_glass: :wine_glass: :wine_glass:
Olá, Katrine, obrigado pelo comentário.
Pode deixar, pois eu já tinha na cabeça a ideia de fazer um post sobre a Malbec.
Abs.
Aqui em casa estamos consumindo muito esse Casillero Carmenere, tem um excelente custo-benefício.
Ótimo post!
Valeu, Renata.
Abs.
Nossa, experimentei o Carménère uma vez e foi por indicação de uma amiga e ela fez uma propaganda maravilhosa a respeito. Disse que tinha um excelente sabor, super frutado e redondo. Quando eu comprei e fui beber achei terrivel, me lembrou em nada a descrição dela. Vou tentar de novo, vá que tenha sido de um produtor que colheu as uvas ainda não maduras. Obrigada pela dica, pq o Carménère já havia saído da minha carta de vinhos já tinha um tempo.
Olá, Debora.
Realmente com a Carmenere vc pode ir do céu ao inferno. Quando as uvas são colhidas de forma precoce, os vinhos ficam muito verdes mesmo. Tente alguma das opções do post e depois me diz o que achou.
Abs.
Adoro suas publicações Rodrigo!
Seria muito interessante se você apresentasse sempre, ao final dos textos, a armonizaçao dos vinhos ou tipo de vinhos que você citou.
Obrigada!
Otimo texto. Suscinto, preciso e de ótima qualidade. Parabéns.
Excelente sua pesquisa, hj estou provando um tinto chileno, bom, Santa Carolina, e fiquei surpresa ao sentir q o tinto carmenere é como vc comentou se colhido maduro, mt obrigada!
agora entendi pq esse vinho está me surpreendendo, adorei
Oi, Ruth.
Fico feliz que tenha gostado. Na próxima semana falarei sobre vinhos chilenos para o inverno e com certeza a Carmenere vai aparecer.
Abs.
Por indicacao de um amigo já tomei o Camemere Dona Dominga e o Cabernet Savignon/Camemere idem
muito boas suas observações em especial para neoconsumidores como eu
Excelente esplanação sobre a variedade Carménère. A descobri recentemente e estou mergulhando em estudos.
A Hiatória desta variedade é muito interessante. Comecei a gostar vinhos a partir desta variedade e, portanto, a tenho
em alta consideração para estudo e consumo. Se possível envie-me artigos e ou relatos sobre. Grato
BEM, TENHO COMPRADO CARMÉNÉRE EM HIPERMERCADOS, E SEMPRE ENCONTRO OS CHILENOS, OUTRA NACIONALIDADE TAMBÉM ESTÃO PRODUZINDO ? ah! gosto muito do Gato Negro adorei o carmenere.
Oi, Ana.
A Carmenere é de origem francesa, mas foi dada como extinta no século passado e reapareceu no Chile no início dos anos 90. Hoje pode-se se dizer que o Chile é o principal produtor de vinhos com essa cepa, porém ela é utilizada em outros países, só que a produção é menor.
Abs!
Opa. Gostei da matéria. Depois da Sangiovese a Carmenere é a uva que mais gosto. Só acho chilenos interessantes com essa uva. Não sabia da sua origem. Valeu!
naum costumo tomar vinho dessa casta mas vou passa a conhecer melhor.
naum sou mto fa dessa uva
Ola boa noite.
Queria dicas de vinho dessa uva