Pense  •  29 nov 2018

O triste fim da Revista Glamour americana

Relembrando um post antigo de 2012, no qual conversamos sobre o então triste fim da saudosa revista Capricho. Bom, o site da Capricho ainda existe e deve arrebatar um séquito de adolescentes, mas estamos falando de revista, papel, aquele brilho, folhas, um cheiro de impresso. Isso tem se tornado cada vez mais escasso e agora foi a vez da Glamour americana encerrar suas atividades na versão impressa.

A publicação existe há 79 anos e desde sempre foi a revista feminina número 1 em vendas nos Estados Unidos. Enquanto a Vogue sempre foi aspiracional e high fashion, a Glamour prezava por ser uma revista feminina autêntica, muito descolada, com matérias não só sobre moda, mas também comportamento e estilo de vida, sem contar os editoriais de moda charmosos e sempre um nome atraente na capa.

E tá vendo essa bela capa com a Amber Heard? Pois bem, é a última edição impressa da Glamour US, sinal dos tempos. Algo que já vem acontecendo há muito tempo, mas quando vemos um mega título como esse deixando de existir fisicamente, dá uma tristeza sim. A Glamour vai seguir existindo online com seu site, mas não teremos mais papel pra folhear, arrancar, cheirar (sim, eu adoro cheio de revista).

Quando era criança, meu sonho era ter uma banca de jornal pra ler todas as revistas gratuitamente rs #empreendedora. Ler uma revista é mais do que se informar ou se distrair, pra mim, faz parte de uma experiência, uma desconexão com o momento e a imersão num belo mundo paralelo, e não vai ter página da web que vai mudar isso (e falo isso escrevendo numa página na web rs). Ler uma revista é cultural.

Ok, eu passei a ler bem menos, não por preguiça, mas muito pela falta de proximidade com as pautas sempre iguais, distantes da minha realidade e sem representatividade alguma. As mesmas cartas marcadas, nomes amigos, pessoas plantadas por assessorias, infelizmente essa seguirá sendo realidade e não vai ter revolução digital que vá mudar engrenagem tão antiga.

Eu, Thereza, não gosto de ler apenas legenda do Instagram, amo ler um bom texto, uma matéria que me capta, uma notícia fresca , mas tudo isso precisa me empolgar, atiçar, me deixar curiosa. Precisa valer o clique, sabe? E sempre digo isso em relação ao mundo dos blogs, antigamente a gente escrevia qualquer coisa e todo mundo lia, ia atrás. Os tempos são outros, não podemos escrever qualquer coisa e pronto, precisa valer a pena, pode ser fútil ou reflexivo, mas o desafio é captar o leitor naqueles 2 segundos que ele passa por você diante de uma vitrine com milhares de outras ofertas.

Quem produz conteúdo precisa CONQUISTAR o leitor. Esse é o desafio e tem sido um GRANDE desafio em tempos de like por like.

Será que com o fim da Glamour impressa, o digital vai substituir à altura? O que faz você deixar de ler 2 linhas de legenda do Instagram ou ver uma foto que te prende por apenas 3 segundos, para algo fora dessa nova ordem mundial, mas ainda essencial e indispensável?

O trabalho é mútuo. Enquanto consumidora, quero sim comprar revistas e entrar em sites, mas também buscarei valorizar apenas as marcas (não é mais revista ou blog, mas marca!) que criarem um conteúdo relevante, interessante e também atento à agenda atual.

Agora enquanto produtora de conteúdo, me esforço diariamente em sempre trazer conteúdo fresco, atual, novas pautas além do óbvio, ser sensível aos dias de hoje e ainda manter a essência original desse adorável universo de leitura rápida e interessante na internet. É um malabarismo, mas seguimos tentando.

E 2019 tá aí, em termos de conteúdo e informação de moda, o que vocês gostariam de ver e consumir de fato nessa nova era em constante transformação? O que merece atenção e o que deve ficar pra trás?

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17 comentários em "O triste fim da Revista Glamour americana"
  1. 29 nov 2018 // 13h28

    Cara eu comprava muito revistas lá em 2002 e até 2010, principalmente a teenvogue, atrevida, capricho, a vogue – quando tinha dinheiro né – que eu chamava bíblia fashion, e a extinta NOVA, mas parei de consumir por causa desses mesmos problemas que você citou, aí fui perdendo tesão.
    Fico muito triste mesmo, porque lembro da felicidade que era ter a minha teenvogue nas mãos, bixo era espiritual!! As páginas que eu não curtia eu tirava e fazia colagens. Eu tinha coleção da extinta GLOSS – pqp eu amava essa revista cara!
    Ai bateu a bad com essa nostalgia vish maria! Minha tia teve por 5 anos uma banca de revista, quem mais amava??????????
    Bom, não sei do futuro na era digital, mas já sei que está saturado, os blogs e etc tem que ser mesmo ainda mais criativos se quiser conquistar publico, sabe, concordo com o que você falou, eu como blogueira desde 2006 ÓÓ indo e vindo, passando por vários nichos, me encontrei e quer saber, ainda não tenho pretensão nenhuma com meu blog, trato como uma via de escape e só conheço gente linda, amo escrever e assim será, sem pressão!! Vi nesse andar da carruagem toda, muitas mudanças, algumas doeram, outras melhoraram, mas ainda tem ser humano que pede pra tu seguir de volta! Enfim, foi legal fazer na minha cabeça uma retrospectiva, acho até que escreverei sobre isso depois.

    Xero meu bem!

  2. Geovana
    29 nov 2018 // 13h45

    Acredito que o que tem que ficar para trás é “Você TEM que ter isso no seu armário”, “TEM que seguir essa rotina”.
    Acho tão melhor o seu estilo, onde a sugestão está ali, e utiliza quem quer…,
    Em relação as revistas impressas, apesar de triste é totalmente compreensível. Espero que a marca aumente ainda mais seu prestígio, de modo que a presença online seja duradoura.

  3. 29 nov 2018 // 14h26

    Thereza, eu sempre amei ler revistas! Comprava e lia no ônibus do estágio, e depois trabalho, pra casa durante o trânsito #realidades. Realmente as edições impressas perderam a sua força e não apenas com revistas, vide o pedido de recuperação judicial das Livrarias Saraiva e Cultura…
    Sob o blog, quero dizer que não comento muito aqui, mas seu blog e o da Ana Soares são os únicos que eu leio sem precisar “link para arrastar” no instagram. Eu leio quase que diariamente entrando pela web mesmo. E no seu caso, as pautas sempre interessante e bem escritas me atraem, além disso sei que sempre terá um postizinho novo já que vc atualiza sempre! acho que essa constância nas atualizações (que sejam interessantes) está faltando nos blogs.
    Bjs

  4. SILVIA ELAINE DA SILVA
    29 nov 2018 // 14h39

    Sempre amei revistas, mas realmente demoraram muito a se adaptar com as mudanças da era digital.

  5. Nattany Martins
    29 nov 2018 // 17h13

    Dá aquela dorzinha no coração, né? Lembro que meu sonho de adolescente era ser assinante da Capricho, mas eu n”ao tinha grana pra isso. Então uma tia muito querida me dava 10 reais todo mês – pra mim era o paraíso! – pra comprar a revista que eu quisesse.
    A primeira revista que assinei foi a falecida TPM da Trip. Cê não faz ideia do quanto fiquei feliz com aquele conteúdo diferenciado, engajado, feito por mulheres incríveis. Eu queria muuuito fazer parte daquele mundo. Quando a revista impressa acabou eu quis morrer, hahaha’.
    A experiência de foliar uma revista é realmente única e é uma pena ver isso acabando e se tornando apenas conteúdo online. Tinha que ter uma forma de continuar atraindo as pessoas e fazer sobreviver ao mercado, né? Mas as pessoas mudam e o mercado também.

    Quanto ao espaço Fashionismo posso dizer com convicção que é um dos melhores da internet. Amo a constância de posts que você mantém, amo que o assunto nunca se esgota, tem sempre uma nova perspectiva e acho INCRÍVEL o trabalho que você faz. Me inspiro muito na sua forma de criar conteúdo – também tenho um blog – mesmo que nossos assuntos sejam um pouco diferentes. Aprendi muito com o Fashionismo e me sinto muito parte disso.

  6. Natalia
    29 nov 2018 // 18h24

    Tenho um misto de pena saudosa embora a verdade é que há anos não consumo revista física. Fui ficando pelos blogs/portais/revistas online, mas me dá pena pensar que meus filhos provavelmente não verão um jornal impresso ou revista impressa… o que me mata de tristeza mesmo é mercado editorial de livros. Eu amo ler, amo ler livro físico, se você quis ter banca eu sonhava em ter a biblioteca da fera de bela e a fera! Amo até hoje, gosto de guardar livros que tenho apego emocional. Adoro livraria, folear livro, escolher, cheiro… me entristece pensar nas livrarias fechando e não tenho mesmo tesao pelo livro no tablet. Acho que a experiência para mim é mais completa e mais desapegada no físico que na tela…

  7. Alline
    29 nov 2018 // 18h24

    Você é um modelo de blogueira atual, inteligente e dinâmica. Jamais deixaremos de ler e apreciar o fashionismo.

  8. Rita
    29 nov 2018 // 20h57

    Sendo bem cliche… revistas que mostrem uma vida mais real! Dando alguns exemplos de como não fazer… as revistas “boa forma” e afins todas em geral tem nas capas meninas com biotipo modelo e chamas surreais… Vogue, estilo, etc com peças de cinco digitos e em produções pouco usuais, as de fofoca então… tudo que já sabemos pela internet no segundo depois de acontecer… além de ver muita matéria forçada! acho que o mesmo vale para os blogs e instagram, por exemplo, já deixei de ler/seguir vários por ser apenas publicidade velada ou não e pautas fora da realidade. Massss, se o Fashionismo fosse uma revista física, compraria fácil!!!

  9. Vitória Gonçalves
    29 nov 2018 // 21h19

    Minha família sempre assinou revistas. Os títulos foram mudando com o tempo, mas minha primeira lembrança com elas é de ler as “Super Interessante” da minha mãe e sofrer para conquistar minha assinatura da “Recreio”! Hoje eu assino a Glamour, a Galileu e comecei agora com a Vogue. Esperar ansiosa a chegada delas na minha casa, abrir e folhear toda antes de ler, guardar organizadinhas no ármario… Tudo isso é como um ritual para mim. Me formei jornalista sonhando com um trabalho em redação mas cada dia mais preocupada com tantos títulos sendo encerrados :( Eu acredito que independente da qualidade do texto e do trabalho, o virtual nunca vai se equiparar ao físico. Os perfis de leitores online são diferentes, o tempo dedicado, o momento da leitura, etc., tudo é diferente e isso faz com que os veículos não se equiparem… Torço para que isso, ao menos, incentive os títulos ainda vigentes a melhorarem cada vez mais e pensar em estratégias que tragam o público online para o offline também

  10. Mayara
    30 nov 2018 // 08h58

    Antigamente visualizava vários blogs, mas restou apenas 3, e o seu é o acesso diário. Nessa nova era manter a essência é o ponto principal.

  11. Thalyta
    30 nov 2018 // 15h37

    De 2011 até 2016, eu comprava todo mês a Vogue Brasil. Já vinha percebendo que a qualidade vinha caindo, até que enjoei por que chegou ao cúmulo de uma edição da revista TODOS os editoriais daquele mês serem de uma marca só (sim, isso mesmo), e depois dessa, acho que comprei só mais duas edições. Eu amava as colunas da Vogue, mas confesso que até elas estavam meio “desconectadas” da realidade. Também era fiel de todo mês comprar a Vogue Itália, mas de uns tempos pra cá compro apenas esporadicamente. É triste ver as revistas acabando assim.

    • SONIA MARIA DA SILVA
      05 dez 2018 // 16h20

      Exatamente Thalita, até a Vogue, que era a única revista “de moda” perdeu todo o seu conteúdo para as marcas que fazem propaganda.
      Os editoriais são chatos, longe da nossa realidade e nada de novo acontece.
      Também, dos blogs brasileiros, que antes costurmava ler tantos, só abo o Fashionismo e o Living Gazette, que não se renderam ao mainstream.

  12. Suzane Bahde
    30 nov 2018 // 21h41

    The, adoro suas análises sobre nosso tempo! É muita bom ter gente boa pensando sobre nosso comportamentos. Sobre comias coisas estão mudando.
    Eu tenho me preocupado cada vez mais em consumir conteúdo de quem se preocupa em ser diverso, em ser reflexivo. Não só conteúdo de moda cheio de imagens e cavacão de regra, sabe? Quero saber das tendências e quero pensar sobre o que está por trás disso tudo que vemos aí!
    Eu fiquei bem chateada com o fim da Capricho impressa apesar de não ler há muuuitos anos, me baqueou ver um universo que fez e faz parte Dan minha vida ruindo. Eu também amo cheiro de revista, adoro cheirar as folhas, recortar, fazer colagens… mas não me identifico mais com nenhum título a ponto de ser compradora fiel. Tenho colaborado com produtores de conteúdo que me identifico, e acabei substituindo o gasto fixo que tinha assinando revistas por isso: podcasts, canais de YouTube… acho que o único segmento que ainda não entrou nessa nova toda é a moda!

  13. Marília
    01 dez 2018 // 20h45

    The, suas pautas são cheias de sensibilidade e respeito pelo outro, seja pelo esforço de moda, de beleza, de atitude. Portanto, ler o que você escreve proporciona uma imersão cultural. Fico triste por mais um pouco do mundo físico da leitura ter acabado. Por outro lado, feliz em ler conteúdos relevantes e textos tão bem escritos por aqui. Um grande beijo da sua leitora digital que ainda adora papel!

  14. Ana Luiza Carvalho
    03 dez 2018 // 23h07

    Sempre amei ler revistas, era leitora assídua da Capricho, não passa uma edição sem comprar e devorar ela na leitura já na volta pra casa. Com a “era digital” passei essa paixão por revistas para os blogs de moda, beleza etc e assim como você, não me contento com apenas uma legenda, principalmente quando a tal legenda é uma publi :/ gosto de textos bons, que tirem dúvidas e sejam claros, acho que por isso que gosto tanto de ler o Fashionismo. Confesso que apesar de ter aderido super aos blogs sinto falta de ter uma revista nas mãos pra ler no caminho pro trabalho ou pra faculdade, aquele cheirinho de revista nova faz falta hahah

  15. Simone
    04 dez 2018 // 21h17

    Amo ler e acho fundamental conteúdo além de legendas de Instagram! Seu blog é incrível exatamente por isso! Acompanho desde a época que nem existe Insta!

  16. SONIA MARIA DA SILVA
    05 dez 2018 // 16h13

    É VERDADE THERESA, AINDA ESTAVA TENTANDO COMPRAR A VOGUE BRASIL, MAS É TUDO TÃO MANIPULADO E NINGUÉM E TÃO BOBO ASSIM, POR VER SEMPRE AS MESMAS CARAS.
    NUNCA NENHUMA CRITICA OU OPINIÃO CONTRÁRIA, POIS QUEM MANDA É O