Eu estou exausta de crenças de moda limitantes. Cansei de guias-oficiais-de-itens-imprescindíveis-que-tem-que ter-no-armário. Cansei de supostamente ter que seguir a receita certa pra arrumar uma mala de viagem. Cansei também de roupa que só fica bem em gorda ou magra, listra que valoriza, estampa que atrapalha, cansei.
Apesar do carnaval ter sido outro dia, quero começar uma resolução de ano novo e conto com vocês: vamos parar de colocar limitações nas roupas, chega de dizer que roupa x não valoriza corpo Y. Que tal A GENTE valorizar a roupa? Desculpa brusinha, mas você não tem que me valorizar, quem tem que te valorizar sou eu.
Why so revolts, Thereza? Não é revolta (ok, um pouco rs), é uma saturação dessa engrenanem da moda que sistematicamente – e muitas vezes sem a gente perceber – delimita cada vez mais nosso armário com regras mais ultrapassadas que as aulas de etiqueta que nossas avós tinham em 1900 e bolinha.
É que outro dia estava vendo os stories de 2 pessoas (não digo quem, não é uma denúncia, mas uma simples reflexão), e uma estava dando dica de quem tem quadril largo deve evitar isso e quem é baixinha deve evitar aquilo outro. Daí pula pro stories seguinte e tá lá uma outra pessoa dando dica de itens imprescindíveis num armário (nem é o capsula).
Ai Thereza, isso nem é novidade. Óbvio que não é, provavelmente nem deixará de ser, mas olhando assim, um atrás do outro, de pessoas diferente e que de comum só tinham a moda, cansa um pouco essa “sistematização” da moda. E já pensou o quanto isso limita e estigmatiza a formação do nosso próprio estilo pessoal? Quem disse que no checklist do seu armário básico tem que ter um vestido preto tubinho e uma saia lápis risca de giz? Vai que seu trabalho nem é formal ou simplesmente você não gosta e ponto.
Acho que vivemos tempos tão libertadores – olha a pochete triunfando aí lindamente, que propagar esse tipo de conteúdo é um retrocesso. Logicamente faço mea culpa e, apesar de me achar até razoável nesse lance de ~ditar regras, impossível ficar 11 anos escrevendo sobre moda – passando por uma geração e transformação inteira – e não entrar nesse círculo vicioso de dizer certo ou errado, up ou down, in ou out.
Em 2009 fiz um post – bastante ilustrado, no qual eu afirmava categoricamente que mulher de coxa grossa não podia usar short e sabe o motivo pelo qual eu disse isso? Porque eu tinha (tenho) coxa grossa e vivi numa sociedade e mídia que me induziram a reproduzir esse discurso, ainda bem que mudei e hoje em dia reflito sobre toda e qualquer palavra que escrevo nesse blog, mas minhas coxas continuam as mesmas :)
Muito bem, estamos quase em 2020, que tal esquecermos disso tudo? Obviamente não pretendo ser radical e acho que de fato a moda é um excelente aliado pro nosso bem estar fashion e existem nortes que devemos seguir de acordo com nosso estilo ou até mesmo ocasião, mas que tal deixar de dizer que tal roupa não nos valoriza? Que tal abandonar esses discursos genéricos que não acrescentam em nada? Pílulas de moda indigestas e que só segregam e afastam do nosso intento mais soberano, que é se sentir/vestir bem.
Um adendo – muito comum e falo com propriedade, bora também parar de falar que só vai usar tal peça quando emagrecer, vamos deixar de condicionar o uso de uma roupa ao nosso peso ou biotipo, mas isso é pauta pra um outro post :)
Há tempos venho pensando sobre isso e acho que vocês percebem, pois coloco em prática aqui nos posts de moda do Fashionismo, mas sabe quando te dá uma vontade de falar, extravasar? Pois bem, essa semana o Fashionismo faz 11 anos, temos uma série de posts especiais e também tem tanto tempo que não faço post de comportamento de moda que esse é simplesmente pra deixar registrado todo esse processo que estamos vivendo nos últimos tempos, você e eu :)
Que agora a gente valorize cada roupa e que possamos nos vestir baseada mais no nosso desejo e humor e menos nas regrinhas obsoletas disfarçadas de #dicaamiga. Vista a roupa, não deixe que ela vista você.
Thereza, tem uns anos que euzinha gorda, baixinha e plena, visto precisamente o que eu quero e sinto que fico bonita, seu post veio a calhar, porque já tem um tempo que ando revirando meus olhos
Para essas dicas, de você não pode isso, você não pode aquilo, você deveria usar aquilo lá
Ahhhhhh.
Até no sacrossanto corte de cabelo querem meter o bedelho kkkkkkkkkk
Obrigada pelo post.
Maravilhosa!
Eu amei tanto esse post que quero emoldurá-lo. Eu odeio essas regras da moda que só servem para achar “defeitos” e deixar as pessoas infelizes. Que cada um use a roupa que faz sorrir, e que a única máxima da moda seja essa. Amém!
Gosto de post que trabalha a moda de forma reflexiva. Apesar da indústria ser muito mercantilista, acho que é importante pensar sobre moda de forma mais madura e responsável. Parabéns pela publicação.
Oi, Thereza! Que post lindo! Super necessário! Já passou da hora da moda deixar de ser restritiva, né? A gente usa a roupa que quiser, independentemente de cor, tecido, corte, textura! :) Gostou? USA!
E ah, uma obs: não é legal usar a expressão “ser xiita” como sinônimo de ser radical. É uma questão religiosa muito delicada.
Bjs!
Caramba, Não sabia, muito obrigada, vou corrigir! E amo – e tenho aprendido cada vez mais – sobre construção, logo, desconstrução de palavras e etimologias. Obrigada!
Que post perfeito. Também não aguento mais isso.
Hoje mesmo vi stories de uma pessoa do ramo de consultoria de moda falando que advogadas não podem usar animal print ou roupas coloridas. Oi?
Chega disso, gente.
Mais uma vez, The, parabéns pelo post!
Eu, como outras tantas, sempre me prendi em regras na hora de montar um look. De uns anos para cá que comecei a pensar “eu acho tão bonito essa peça, quero usa-la”, mesmo com pessoas ao redor reprovando. E eu sempre tinha que justificar o motivo de estar vestindo uma roupa que não disfarça minha barriga e nem me alonga. Agora, comecei a nem me dar o trabalho de justificar, só visto e vou.
Mas lógico que rola aquela olhada no espelho julgadora dizendo que precisava emagrecer um tanto. Até queria emagrecer mesmo, mas não preciso emagrecer para ser feliz e vestir o que quero. Posso e quero ser feliz agora.
Viajei aqui no comentário kk empolguei
Amei o post! Moda é pra fazer a gente se sentir bem, ter várias possibilidades e escolher as nossas preferidas com base em nosso gosto (gosto real, é não fabricado).
Muito boas suas colocações. Estudei Arte e, mais recentemente Moda. Sempre me incomodou esse “engessamento” de moda e estilo. Vc deve mostrar seu estilo, seu modo de ser, seu humor através da roupa. Eu decido o q fica bem em mim. Eu decido o q vou usar qdo estou alegre ou viajando. Não abandono as tendências, apenas decido se sigo ou não. Parabéns, esse texto me representa. A propósito, tb tenho pernas grossas q escondi por muito tempo, agora não mais.
Concordo absolutamente. Eu, assim como você, tenho coxas grossas, não importa o quão magra eu fique. Um dia resolvi ligar o “que se dane” e vesti uma saia de couro. Me senti bem, dancei, pulei, fui elogiada e meu marido amou, mas até hoje evito olhar as benditas fotos porque essa lavagem cerebral da qual você se refere ainda surte efeito. Obrigada pelo post, é de utilidade pública.
Ja venho falando isso com as minhas irmas dentro de casa ha um tempo. O que nao “valoriza” é a gente ouvir ainda esse tipo de regrinha q so serve pra excluir, impor limites e por mulheres pra baixo. I’m done with this
Sigo gostando de suas reflexoes
Adorei. Eu quando era mais nova acreditava tanto nessas regras, ficava se não tinha algumas das roupas que constava nas infinitas listas de “10 itens para ter no armário”. Tudo besteira. Me sinto muito melhor com o meu estilo e comigo própria desde que percebi que essas regras não existem. Agora fico é nervosa quando escuto “ela é gorda, não pode usar isso” ou “depois dos 40 não pode usar x coisa”. Pode tudo. Quem cria as regras somos nós. Parabéns por esse post maravilhoso!!
Thereza, te acompanho há 10 anos. No início acompanhava vários blogs de moda, casei, morei fora, tive filhos, passei a me interessar por sustentabilidade, lixo, minimalismo… Em cada fase descobri outros blogs e fui migrando. O único de moda que ficou foi o seu, pq gosto da sua forma autentica e engraçada de escrever. A moda nem me interessa mais tanto assim, exatamente pelos motivos que vc expôs nesse post. E também é por tudo que vc escreveu que eu vou continuar por aqui. Parabéns pelo trabalho. Beijo grande!
Post excelente! Gostaria muito que todas as influencers lessem e pudesse refletir um pouco sobre que tipo de pensamento estão propagando. Como você bem disse, esse tipo de conselho vem disfarçado de dica legal, de algo que vai te ajudar e eu até acredito que as pessoas que produzem esse conteúdo realmente acham que estão ajudando. Mas, na real, estamos só dizendo pra nós mesmas: “MINHA APARÊNCIA ME IMPEDE DE FAZER O QUE EU QUERO”. E sentir isso é horrível, destrói nossa autoestima (conhecimento de causa). É um longo processo entender que nosso corpo (e sua aparência) não é o problema, é a solução! Rs. Qualquer coisa que nos faça pensar o contrário não vale a pena.
Obrigada por esse post!! <3
Preciso dizer que sou consultora de estilo e bato exatamente nessa tecla. Espero de coração que essas 2 pessoas que você viu não sejam consultoras.. Vejo mtas colegas de profissão que ainda replicam esse discurso de "certo x errado", regras que não fazem mais sentido e que pioram a autoestima dos outros em vez de melhorar… Somos mulheres e cada uma é única!! Podemos usar o que quisermos! Vamos aumentar as possibilidades e usar nossa criatividade em vez de limitar!
Te admiro pelo posicionamento \o/
Beijos.
Pior que uma é kkkk *risos nervosos* eu acompanho essa há pouco tempo, ela nem falou nada de diferente do que esse meio (moda) está condicionado a falar, mas sabe quando a gente vê duas pessoas, uma atrás da outra, falando sobre algo que não deveria ser dito como dica espontânea, sabe?! aí foi quase a gota d’água pra fazer esse post!
Eu imagino tb como o trabalho sério de consultoras pode ficar perdido em meio de uma quase verborragia só pra achar que tá dando aquela dica amiga mara, mas na realidade tá apenas limitando um guarda-roupa :(
Bjs!
Que post incrível, necessário e inspirador!!
Concordo com cada palavra.
Amo esses posts libertadores!!
Que sigamos usando o que nos faz feliz
Thereza, maravilhosa e necessária,
Sou consultora de imagem. Nem eu aguento mais esse discurso.
Kim Kardashian tá ai pra provar que os padrões de beleza existem para ser quebrados e que o que é um crime para as regras da proporção pode ser a marca registrada e a beleza da aceitação de alguém. Uma consultora certamente diria “pra amenizar esse quadril, façamos bla bla bla”.
O seu corpo é esse, que te carrega, te abriga, te permite realizar mil coisas. E a consultoria de imagem TEM QUE SER a porta de entrada para a aceitação e o amor próprio.
Seu posicionamento é relevante, necessário e que reverbere.
Um beijo!
É isso! Te amo! Por isso que te sigo há 10 anos! Abaixo a ditadura do corpo! Meu corpo! Minhas regras ! Minha moda!
Nossa The, você disse exatamente tudo!! Que sa-co essa onda!
Que post incrível! Como é bom ler esse blog há 10 anos!
Amei The (bem íntima né kk). Moda é universal e devemos usar o que gostamos e nos faz bem
Eu não sei como vim parar aqui… acho que vi algum comentário seu em algum post no Instagram da Ale Garattoni e lembrei do blog. Menina, se eu te disser que essa semana fiz uma limpa nos livros que tenho sobre essa temática, você não acredita. Doei todos para um sebo. Tinha vários.
Eu também tenho pensado sobre isso de listas pra tudo… trabalho num banco, estudo, vou ao cinema, shopping… preciso de roupas que me deixem adequada às situações, confortável e que tenham a ver com meu estilo sem ter que me encaixar nisso também… estilo rocker, estilo clássico… somos uma mistura de tudo o que gostamos e achamos bonito.
Salvei seu blog na minha pastinha de blogs nos Favoritos para voltar aqui mais vezes.
Oi The! sou leitora muito antiga do blog! Adoro e respeito muito seu trabalho masssssssssss sobre esse post penso um pouquinho diferente. Existem diversos tipos fisicos e varios estilos e modelagem de roupas entao eu acho que eh legal a gente conhecer alguns conceitos para justamente poder quebrar as regras. Por exemplo tenho quadril largo e sei exatamente o tipo de modelagem que ressalta mais essa minha caracteristica, ora ressalto ora não ressalto, depende do meu humor :) talvez esssas pessoas do stories que você citou nao estavam utilizando um linguagem empoderadora e acolhedora neh?! Bom, roupa é código e estamos nos comunicando o tempo inteiro não a toa que conversamos sobre isso há 11 anos aqui nesse espaço incrivel! beijos
Muito bom e inspirador! Essas “limitações” não devem impedir que a gente vista o que der vontade! :)