Comportamento, Moda, Pense  •  20 jun 2021

O novo posicionamento da Victoria’s Secret

Assim como os red carpets, o Victoria’s Secret Fashion Award era O acontecimento aqui no blog. No início repercutíamos empolgadas o casting, as apresentações, os looks. Depois passamos a curtir com uma mão na consciência. Com o tempo começamos a problematizar e depois… não dava mais pra assistir, intragável e inconcebível pra uma geração mais democrática e em busca de novas referências.

A marca em si envelheceu mal. Não se reinventou em tempos digitais, foi seguindo ad nauseum uma fórmula ultrapassada, desgastada e problemática. Lembro que em 2017 fiz o primeiro post refletindo sobre e super rendeu, aliás, os posts sobre o desfile estavam sempre os 10 mais lidos do ano, dado o fascínio.

E veio o declínio, as vendas não eram as mesmas, lojas fechando, ações caindo e tudo fruto de uma fórmula ultrapassada regada a muitas polêmicas. Uma das falas mais problemáticas veio do então Diretor de Marketing, Ed Rezek, ao afirmar que “nunca teria uma modelo plus ou trans desfilando”. E as trans em questão era a top brasileiríssima Valentina Sampaio que na época fez teste e foi reprovada (spoiler: tempos depois Ed caiu e Val foi alçada a modelo da marca).

Corta para 2021, depois de um período mais discreto, novos funcionários, pessoas mais sensatas (assim espero), a nova era finalmente chegou para Victoria’s Secret. Na semana passada foram anunciadas algumas novidades e novo posicionamento da marca, logo, compartilho com vocês!

 

NOVA MENTALIDADE

A ficha demorou mais caiu e antes de colocar em prática, a mea culpa: “Quando o mundo estava mudando, demoramos muito para responder”, disse Martin Waters, o ex-chefe de negócios da marca e agora presidente-executivo, “Precisávamos deixar de ser sobre o que os homens querem e ser sobre o que as mulheres querem.”

VS COLLECTIVE

O primeiro grande passo: VS Collective, o projeto  trará personalidades “ícones de liderança” e “agentes de mudança” como porta-vozes da marca. E ser porta-voz hoje em dia é MUITO mais além que vestir a roupa ou fazer um #publi, mas a ideia da empresa é  alcançar um público mais amplo e “moldar o futuro da grife”.

Essas mulheres terão praticamente um cargo de liderança e certamente estarão envolvidas naquela famosa “DIVISÃO DO BOM SENSO”, tão carente em grandes marcas.

Os nomes do VS COLLECTIVE irão alternadamente aconselhar a marca, aparecer em anúncios e promover a Victoria’s Secret no Instagram. E os cargos na empresa serão compostos majoritariamente por mulheres (espero eu fora do padrão anterior rsrs).

 

O CASTING

E a seleção dos primeiros nomes foi divulgado semana passada: a atriz de origem indiana, Priyanka Chopra; a campeã  mundial de futebol feminino, Megan Rapinoe; a top sudanesa-australiana, Adut Akech; a esquiadora de 17 anos, Eileen Gu; a modelo trans brasileira, Valentina Sampaio; a modelo plus size Paloma Elesser (teve post dela aqui esse mês); a jornalista Amanda de Cadenet.

E se você acha que o primeiro passo será uma linda campanha com todas de biquini mostrando seus corpos diversos? Ainda não, mas sim uma série de 10 episódios de podcast onde cada uma conta sua história de empoderamento feminino.

Um dos nomes que mais chamou atenção no casting, foi a de Megan Rapinoe. A atleta, ativista do movimento LGTQIA+, falou sobre esse momento:  “Muitas vezes me senti excluída pelas marcas nas indústrias de beleza e da moda, logo, estou feliz de criar um espaço cujo espectro envolva todas as mulheres”

E pq aceitou esse cargo que pode eventualmente manchar sua carreira?  Ela disse que foi convencida pela disposição dos executivos da marca em reconhecer seus erros e história, e pelo fato de que seu papel não se limita ao típico “embaixador da marca”, mas estende-se à consultoria sobre a linguagem que a empresa usa, a variedade de produtos que oferece e a narrativa que está divulgando.

Outra pessoa que encarou esse desafio muito além que simplesmente “modelar” foi a top plus size, Paloma Elsesser, “Eu não comecei a modelar apenas para fazer todas as coisas legais, fiz isso para mudar o mundo”. Ela logo de cara fez lobby para que a VS aumentasse seu tamanho para XXXXXL, disse ela (atualmente carrega até 42G em sutiãs e XXL em roupas de dormir). Eu achei essa parte incrível e importante na prática.

VICTORIA’S CIRCUS?

E se num momento pré-pandêmico (e pré-dólar nas alturas kkkry), a VS era reduto de brasileiros e o verdadeiro circo das Angels, logicamente o projeto decorativo vai mudar e muito!

Segundo eles, as lojas ficarão mais leves e brilhantes, e os manequins – que normalmente eram do tamanho PP – virão em variados formatos e tamanhos. As imagens dos Angels, que antes apareciam até em TVs de banheiros de lojas, serão eliminadas. A empresa ainda venderá produtos como fio-dental e lingerie rendada, mas seu alcance vai se expandir, especialmente em áreas como roupas esportivas (espero que continue com as 5 calçolas por U$25 pois adoro kkk).

SER MÃE É SEXY SIM

Sabia que a VS nunca fez uma campanha de dia das mães? E sabe pq? É que pra eles ser mãe não era sinônimo de ser sexy, é mole? A partir do momento que você se tornava mãe e precisava de um sutiã de amamentação, você certamente não era mais o público alvo da Victoria’s Secret.

E antes de anunciar o tal Coletivo, os novos diretores logo se adiantaram e fizeram campanha nesse último dia das mães e, PASME, colocaram uma modelo grávida na campanha, o que outrora nunca havia acontecido. Além disso, a marca passará a vender sutiãs de amamentação e uma moda lingerie mais prática, funcional no geral.

ANTES TARDE DO QUE NUNCA?

A mudança logicamente não é espontânea e nos faz questionar o famoso “antes tarde do que nunca”, mas é uma marca que ainda tem sua influência (21% das lingeries consumidas nos EUA são da VS) e que se está recomeçando, nos resta observar). É aquele famoso “VIRA VOTO”, eu não sei  em quem vocês votaram ou pensaram no verão passado, desde que agora você mude de opinião e se junte a nós.

Segundo ele, esse novo movimento também funcionará pra redefinir não apenas a si mesma, mas também o que é SEXY. E nos dias de hoje, o sexy é cada vez mais plural e multiinterpretativo. Acreditam numa nova Victoria sem segredo?

 
Anterior
Próximo
Comente Aqui

6 comentários em "O novo posicionamento da Victoria’s Secret"
  1. Renata Gomes
    21 jun 2021 // 12h12

    Amei a evolução! Já trabalhei com o segmento de intima e senti muito essa tendência no US sendo puxada pela Aerie… veremos o quando a VS conseguirá ser original e se manter com consistencia, para provar que não está se movimentando só pela pressão.
    Mas, como você disse, concordo que, independente do motivo, é um SUPER passo. E gostei demais da seleção de mulheres feita pela marca. Vamos acompanhar!

  2. Fernanda
    21 jun 2021 // 12h22

    Feliz 2010! Mas antes tarde do que nunca

  3. Karine
    21 jun 2021 // 13h48

    Antes tarde do que nunca! Mesmo tendo tido poucos itens da VS na vidam eu sempre fui encantada por todo o universo da marca e fiquei chocada que eles nunca tinham feito campanha de dia das mães tendo várias Angels que já eram mães e continuavam desfilando no VSFS. Demorou pra cair a ficha deles mesmo tendo mães no casting???? kkkkk eu to no chão

  4. Marcela C Queiroz
    21 jun 2021 // 23h33

    Deixou de ser o clube da Regina George, fiquemos de olho.

  5. Isabella
    21 jun 2021 // 23h33

    Finalmente! Acredito que o *financeiro* pesou e muito, e olha, graças a Deus viu. Se for gastar meu dinheiro, que seja ao menos num produto que seja desenvolvido pensando em mim e não em uma fantasia de mulher (e corpo perfeito) inalcançável. Antes tarde que nunca!

  6. Suzane
    22 jun 2021 // 18h47

    The, tem um errinho ali na parte ‘nova mentalidade’, tem um mais onde deveria ser um mas.
    Tirando meu toc de professora, fiquei curiosa pra ver a mudança na loja física… pena q o dólar tão caro vai adiar isso por mto tempo.. rs
    Uma coisa q eu não sabia é isso da campanha de dia das mães, fiquei chocada, pq várias angels até desfilaram grávidas, não? antes tarde do q mais tarde ainda, né
    Veremos..