Hoje farei algo um pouco diferente. Falarei de vinhos, é claro, porém com foco maior na harmonização, o que é um tema de grande importância, mas que ao mesmo tempo gera uma série de dúvidas.
Pois bem, mês passado, a Thereza e eu fomos jantar em um restaurante que consideramos como um dos melhores do Rio de Janeiro em diversos sentidos, o Le Pré Catelan. O restaurante possui atributos capazes de deixar qualquer um de queixo caído, a começar pelo salão com vista panorâmica para a praia de Copacabana, o charmoso bar revestido com madrepérola e lustres imponentes de cristal Swarovski (esse detalhe é dela!).
Tudo harmoniosamente pensado para proporcionar o máximo de conforto e satisfação. O Le Pré Catelan é conhecido também por ser a melhor gastronomia francesa do Rio de Janeiro, bem como um dos melhores do país, além de possuir uma estrela Michelin.
Quem comanda as panelas por lá é o premiadíssimo Roland Villard, famoso chef francês, que encontrou no Brasil, o lugar ideal para agraciar o público com seu talento e criatividade. Conhecido por misturar a técnica francesa com ingredientes nativos da Amazônia numa culinária de imersão, Roland conquistou não só o público, mas a crítica em geral. Junte isso à uma simpatia sem igual, e você encontra no Roland, um motivo a mais para ir ao restaurante se deliciar com as verdadeiras obras de arte que são servidas. Ele faz questão de visitar as mesas e explicar com todo carinho o conceito dos pratos servidos, a The e eu perguntamos tanta coisa que o resultado é uma aula com muita descontração.
O cara é inspiração pra muita gente, exemplo disso é o da Izabel, última vencedora do Master Chef, que agora faz parte do time. Enfim, o restaurante é o lugar ideal para transformar uma refeição numa experiência maravilhosa. A equipe, super competente e atenciosa, é capaz de fazer você vivenciar um ambiente sofisticado e intimista ao mesmo tempo.
Vamos aos trabalhos. Nosso jantar foi o da Semana Especial Harmonização/Wine Week, em comemoração ao Dia do Vinho, no qual os vinhos franceses são criteriosamente escolhidos para harmonizar com a sequência de pratos que veremos abaixo!
Creme de ervilhas frescas e mousse de tomate: Maravilhosa combinação do creme quente quase crocante com tomate descontruído em forma de mousse. Harmonizado com um espumante Crémant de Bourgogne do Domaine Billard, cremoso, com um perlage (borbulhas) tão fino que parece areia explodindo na boca. Combinação certeira com o “choque” de temperaturas do tomate e da ervilha.
Mousse de couve-flor com sabor de alga, lagostins grelhados e vinagrete de beterraba: Harmonizado com o vinho branco da Borgonha, Aligoté Vielles Vignes 2012 de Pierre Gille. Prato complexo e delicioso com a cremosidade da couve-flor e a suculência do lagostim. Casamento mais que perfeito com o vinho da uva Aligoté, com aromas de pêras maduras, flores e uma boca mineral que combinou como mágica com o sabor de mar e a leve doçura da beterraba do prato.
Ovo de galinha caipira empanado meio cozido acompanhado de massa fregola ao leitão defumado: Uma festa para o paladar, a textura crocante do empanado com a gema que ao se partir molha a massa com o leitão fazendo uma autêntica carbonara. E o vinho? Eu sei o quanto é complicado harmonizar vinho com ovo, mas nesse caso, a escolha do Brouilly 2013 de Jean Béréziat, não poderia ser melhor.
Vinho da uva Gamay, de corpo leve, mas com acidez pronunciada, aromas de frutinhas frescas como cereja e morango silvestre formou uma inusitada, porém maravilhosa dupla com a untuosidade de ovo e o defumado do porco.
Fatias de filet intercalado com creme de trufas e mini batata com flan de foie gras: Harmonizado com Vinsobres 2011, Domaine Chaume Arnauld. Sintonia fina de sabores, o filet mignon grelhado à perfeição, derretendo na boca, enriquecido com um aromático creme trufado foi o par desse vinho do Rhone, das uvas Greneche e Syrah. Encorpado, com sabores de geleia de cassis e especiarias, harmonizou com a maciez da carne e com o sabor forte do foie gras.
Meli-melo de pâtisserie: Pegue tudo aquilo de mais gostoso que existe no mundo das sobremesas, mini eclair, sorvete artesanal, tarte tatin, mousse de chocolate e mais um tanto. Junte à criatividade e competência de um grande chef para repaginar essas delicias e deixá-las ainda mais deliciosas e pronto, uma explosão de sabores para todos os gostos.
E para acompanhar, um envolvente vinho de sobremesa, Sainte Croix du Mont 2006 de Crabitan Belleuve. Sedoso, com aromas inconfundíveis de doce de goiaba e pêssego em calda e ainda com uma acidez cortante capaz dar um frescor super bem vindo.
Espero que tenham gostado, e quem tiver a oportunidade, não deixe de visitar o Le Pré Catelan, acredite, vale cada centavo! Você vai se surpreender com a inovação, qualidade dos pratos e do serviço, sofisticado sem ser esnobe. Clima acolhedor, carta de vinhos elaborada, menu que valoriza produtos orgânicos, de pequenos produtores e que inacreditavelmente, muda toda semana, graças à muita criatividade!
thereza que lugar lindooo, tudo impecável! Mas seguinte, dê uma olhada em como é feito o foie gras, vc não vai mais comer, de tão cruel que é. Dê uma pesquisada, é mt triste mesmo! Tirando isso, tudo parece mto apetitoso e bem feito. bjooo :kiss:
Olá, Maria, concordo com vc. Entretanto, nos dias de hoje, a maioria dos restaurantes serve o Foie Gras pelo método natural, no qual o animal se alimenta livremente e o aumento da alimentação se dá pelo fato dele comer mais perto do inverno, assim como ele faria na natureza. O método de alimentação forçada, ou estufamento, é cruel, covarde e já foi proibido em diversos países. A tendência é que ele acabe definitivamente. A Thereza não come de jeito nenhum. De qualquer forma, sua observação foi corretíssima e devemos mesmo, ir contra práticas de tortura no trato dos animais.
Abs.