Se existe uma uva que virou febre no Brasil na última década, essa uva foi a Malbec. Desde o aumento do consumo de vinhos por aqui, a cepa tem marcado cada vez mais presença nas lojas, mercados e taças dos brasileiros. O estilo macio dos vinhos Malbec conseguiu cativar o consumidor que buscava por vinhos encorpados, porém sedosos, e sem aquela aspereza de alguns rótulos de outras uvas também populares, como a Cabernet Sauvignon, por exemplo.
Acho que todo mundo que está começando no mundo do vinho já degustou um Malbec, assim como a maioria das pessoas acaba associando a uva à Argentina, e não poderia ser diferente. A Malbec foi a principal responsável por posicionar a Argentina no mapa internacional dos vinhos, tornando-se assim, patrimônio nacional, tem até o Malbec Day!
Essa uva tão especial, símbolo da Argentina, na verdade é de origem francesa, mais especificamente da região de Cahors, mas é também utilizada em pequenas parcelas nos cortes de Bordeaux. Entretanto, só ganhou a merecida fama nas terras dos hermanos, que a cada dia investem mais em tecnologia de produção para que a rainha Malbec reine soberana.
Todo esse apelo comercial acabou massificando um pouco os Malbecs argentinos, pois todo mundo começou a produzir, muitas vezes só para atender mercados internacionais, sem a devida preocupação com a individualidade da uva. Resultado, muitos vinhos sem personalidade e com sabor parecido, daquele tipo provou um, provou todos. Vinhos muito alcoólicos, doces, exagerados em madeira e pouco interessantes inundaram o mercado e acabaram afetando a imagem não só da uva, como também da própria Argentina. Pra nossa sorte, os bons produtores argentinos e internacionais que apostaram no país, passaram a desenvolver vinhos com características particulares, respeitando suas próprias micro-regiões.
Os corpulentos vinhos de Lujan de Cuyo, os elegantes e frescos do Vale do Uco, passando pelos potentes vinhos dos vinhedos de 2000 metros de altitude em Cafayate, até os perfumados Malbecs da fria Patagônia, devolveram o prestígio a essa cepa. Vale muito procurar por vinhos que tenham essas regiões descritas no rótulo, que mostram as várias caras da uva, e como ela se comporta em diferentes climas e solos.
Com tanto sucesso, foi mais do que natural a exploração da uva por outros países. Os americanos acertaram a mão com seus Malbecs da California, Austrália não deixou por menos, a até aqui no Rio Grande do Sul, os Malbecs estão fazendo bonito. Agora, o Chile merece uma menção especial. Os Malbecs de lá, principalmente nas regiões do Casablanca e Maule são mais que especiais. Elegantes, com boa mineralidade e complexidade, eles merecem a atenção dos apreciadores da uva, pois são bem distintos das versões argentinas, nem melhores nem piores, apenas diferentes. Recomendo!
Agora, o que esperar de um bom Malbec? Independente do país ou região de origem, um bom Malbec deve ter uma coloração bem fechada, escura e aromas que lembrem flores, ameixa seca e compota de frutas negras. Devem ser redondos, sedosos e com taninos presentes, mas não exageradamente secos, de bom corpo, mas sem serem pesados. Os bons Malbecs geralmente envelhecem em madeira, portanto é comum encontrarmos sabores de chocolate, baunilha ou tostado. Outra coisa, são bons companheiros de carnes vermelhas. Abaixo, 2 Malbecs com estilos diferentes, que recomendo pra quem quiser entender um pouco mais a uva.
Goulart M Reserva Malbec 2012: Já indiquei esse vinho em outro post, mas de outra safra. O M The Marshall 2012 merece um repeteco aqui. Bela representação da uva, floral, frutado, com sabores suculentos de geléia de ameixas e amoras e ainda um toque de pimenta preta. Tem bom corpo, mas nem de longe chega a ser pesado ou enjoativo, sem excesso algum. Estilo mais elegante do que intenso, sem dúvida um dos meus favoritos nessa faixa e estilo.
Orzada Malbec 2012: Como eu disse que não só de Argentina vive a Malbec, nada mais justo do que trazer um representante do Chile, e que representante! Um dos melhores Malbecs chilenos que já provei. Exótico, cheio de frutas maduras, lavanda, tabaco e uma nota vegetal que lembra eucalipto pra dar um frescor maravilhoso. Boa acidez na boca, que no final, fica com um sabor de frutas secas e baunilha. Está com quase 50%, para ocasiões mais que especiais!
Espero que tenham gostado. Claro que existe uma infinidade de estilos maravilhosos de Malbec. Nos próximos posts, darei mais sugestões. Se tiverem alguma dúvida, é só deixar um comentário.
Estou começando no mundo dos vinhos, e realmente os Malbec são meus preferidos. Como dica deixo o Alamos Malbec, de todos que já experimentei acho que esse tem um ótimo custo beneficio. Já experimentou Rodrigo?
Oi, Vitória.
Já experimentei o Alamos sim, acho até que já indiquei em um post, é bem macio e frutado. Aliás, a linha toda da Alamos segue esse estilo.
Abs!
Adoro Malbec! Obrigada pelas dicas, Rodrigo. Vou tentar comprar um deles. Abraço!
Valeu, Bruna!
Abs.