Depois de falar de duas fortes tendências dessa era pós pandêmica, “old money” e “dopamine dressing”, existe outra que corre por fora pra inspirar e mobilizar esse novo momento do comportamento fashion, o INDIE SLEAZE.
Bom, vamos por parte, se você foi jovem em meados dos anos 2000, certamente viveu (ou observou) a onda indie, a geração tumblr e o último grande movimento pré-blogs e redes sociais. Agora ele retorna poderoso e com um lado “sleaze”, um quê desleixado, subversivo.
O indie foi um fenômeno cultural – e fashion – que basicamente se tornou um contraponto à era cute/sexy de Britney e cia do início do milênio. A estética era mais bagunçada, despretensiosa, uma mistura de grunge com glam, do displicente com o sexy.
Atualmente a versão indie sleaze carrega no maximalismo underground, no provocativo despretensioso. É “podrinho” e sexy, é uma hot mess com convicção e estilo libertador.
Lá por meados de 2005-2007, marcas como American Apparel, Dsquared e Diesel (que nessa temporada voltou com tudo e ainda ouviremos muito!), davam o tom dessa vibe “trash cool” que muito representa a estética.
Indo pro lado high fashion da força, Saint Laurent segue soberana no estilo pós balada glamouroso e atualmente até a Chanel apresentou uma coleção recente com vários elementos que podem representar o tal estilo indie sleaze.
E o cenário perfeito que define essa era é: o look pós balada. Inferninho, fim de festa, brilho, paetê e oncinha, jeito de usado, sujinho e nem aí! Parece até simples ou óbvio, mas é tudo meio milimetricamente pensado pra parecer impensado.
Aliás, o tal cenário justamente faz diferença no estilo e pose. Fotos amadoras, flash estourado, nenhuma pose e lembranças de quando se levava máquina pra balada ou esperava o fotógrafo do “Noite Universitária” chegar, afinal, era assim que a gente tinha os registros da noite!
QUER SE INSPIRAR NO ESTILO?
Legging de lamé, brilho, muito brilho, qualquer coisa skinny, oncinha indiscriminada, da sapatilha ao salto vertiginoso, acessórios sem sentido, mix and dont match, camiseta podrinha. Use tudo de forma aleatória e despretensiosa.
E foco na t-shirt podrinha, ela é um símbolo do movimento! Descompromissada, mas sempre com uma mensagem, quase um deboche, um quê de subversão (ou não). Mary Kate Olsen eternizou esse look (dos primórdios dos blogs) mesclando uma camiseta básica com um colar Tom Binns poderoso, lembram?!
A beleza da geração também é bem icônica. Dos olhos decorados da Ke$ha ao esfumado descompromissado. Tal qual o look, nada de make impecável. Pula pros dias de hoje e os olhos de gato selvagem da Julia Fox representam muito bem esse quê indie sleaze.
O FUTURO DO INDIE SLEAZE
A meu ver, essa estética vem como resposta da moda “alternativa” ao feed editado e filtros artificiais. A logomania dá lugar à roupa surrada e com uma mensagem debochada. O polêmico “cocain* chic” mostra o desafio e dicotomia de ser desruptiva em tempos de perfeição digital.
Vivemos durante praticamente uma década com a evolução das fotos instagramáveis, que de apenas um app, virou um adjetivo, uma característica, um movimento um tanto surreal e excludente. Eis que chega essa estética indie sleaze, mais descompromissada, disruptiva e, acima de tudo, debochada, bagunçando tudo isso… e que bom!
Mas além do estilo fim de festa, é um movimento aberto, receptivo e sem muitas amarras. É se vestir do seu jeito, sem compromisso, uma liberdade de expressão que muitas correntes da moda não permitem, mas o indie sleaze, por mais “sujinho” que seja, pode ser o ar fresco que a moda engessada precisa.
Vale observar e interpretar!