Moda  •  02 jan 2023

Algoritmo Kardashian

Nas redes sociais, os algoritmos são usados para entender o comportamento de cada usuário e exibir exatamente o tipo de conteúdo que eles gostam de ver. Anos atrás, quando o Instagram mudou o feed cronológico e inseriu esse tal algoritmo, acredite, foi pro bem do nosso tempo e uma espécie de filtro pra organizar o que de mais interessante e relevante gostaríamos de ver. Ou não.

E onde a família Kardashian, mais precisamente a Kim entra nessa? É que ela é um algoritmo humano, um ciborgue vindo das profundezas das redes sociais. 

Vocês sabem que no Fashionismo sempre falamos da família, nos divertimos com o entretenimento, adoramos muitos looks e gongamos tantos outros (#comprimentoingrato), mas também refletimos bastante sobre o impacto do ponto de vista comportamental do klã. E outro dia conhecemos o insta @kardashian_kolloquium que analisa a família justamente desse ponto de vista, digamos, antropológico. E a reflexão desse lado algorítmico e kardashianático nos pareceu muito interessante e pertinente especialmente nesse começo de ano.

Ela observou que, entra ano e sai ano, Kim Kardashian segue se reinventando, se adaptando tal qual um algoritmo criado por um computador e isso não tem nada de humano ou espontâneo. “Ela está se codificando como um computador, [nos mostrando] que ela está em seu pico de desempenho operacional”, disse MJ Corey, criadora da conta.

Para ela, Kim tem a incrível capacidade de criar um tipo perfeito de algoritmo em forma de ser humano e habilmente projetá-la nas centenas de milhões de pessoas que a seguem online.

Agora onde pode morar o perigo (leia-se eventual irrelevância) para Kim e cia? Na rede de vídeos ao lado, local que elas ainda – até o fechamento dessa edição – não dominam e onde vem surgindo as grandes tendências e conversas sobre beleza. Não à tóa, no meio do ano passado, quando o Instagram priorizou o uso de vídeos, Kim, Kylie e cia levantaram a bandeira virtual do “Make Instagram Instagram again”, lembram? E tudo faz sentido.

E além das reflexões do Kolloquium, acrescentamos por aqui outro fator que a família algorítmica ainda não implementou com muito sucesso (ou de forma genuína): a da vulnerabilidade real (e não a editada). Mais do que o excelente documentário de Brenné Brown, ser vulnerável, mostrar fraquezas, dores e até mesmo eventuais doenças, de forma real e autêntica é o que vem conectando famosos, influenciadores e gen z, que busca conexões mais reais e menos editadas, justamente o que nenhum algoritmo é capaz de trazer tal empatia.

Pauta elas tem, impacto também, resta esperar se a tal da identificação, que tanto as projetou no início, será reinventada.

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